Uma carta da coleção de 72 mensagens originais do filósofo e cientista René Descartes (1596-1650) roubada na França no século XIX foi localizada em uma instituição de ensino superior do estado americano da Pensilvânia.
A carta, de quatro folhas e escrita em 27 de maio de 1641, é uma amostra da extensa correspondência que o francês trocou com seu amigo Marin Mersenne e que fazia parte do arquivo do Instituto da França até que o italiano Guglielmo Libri a roubasse junto com milhares de outros documentos em meados do século XIX.
A descoberta foi anunciada pela pequena Haverford College, que abrigava a carta sem saber que fazia parte dos artigos roubados. O item foi doado há mais de um século pela viúva de um ex-aluno junto com outros bens. Segundo a instituição, o exemplar será devolvido à França.
O responsável pela descoberta foi o pesquisador Erik-Jan Bos, da Universidade de Utrecht (Holanda), que se deparou com uma referência à carta enquanto navegava pela internet e, após pedir uma cópia à Haverford College, viu que se tratava de uma “autêntica e desconhecida” carta de Descartes.
Bos entrou em contato com a instituição americana e, quando esta soube que se tratava de uma das cartas roubadas por Libri, comunicou o Instituto da França sobre a existência da mesma e se ofereceu para devolvê-la.
A entidade francesa pagará à Haverford College uma recompensa de 15 mil euros (US$ 20.300) por recuperar um texto que, segundo especialistas, “joga luz sobre alguns elementos-chave da filosofia de Descartes” e oferece detalhes sobre a publicação de sua obra “Meditações Metafísicas” (1641). “A carta mostra que a forma original de ‘Meditações Metafísicas’ tinha uma ordem diferente da publicada”, diz a Haverford College.
O roubo de Libri, professor de matemática e responsável pelo catálogo geral de manuscritos das bibliotecas públicas francesas, foi um dos maiores do século XIX. Ele conseguiu levar para a Inglaterra uma coleção de 30 mil livros e manuscritos entre os quais havia obras de Nicolau Copérnico, Galileu Galilei e Pierre de Fermat.
Libri, que evitou a Justiça francesa ao entrar no Reino Unido como refugiado político, vendeu os artigos a livreiros e colecionadores. Com isso, as peças recorreram meio mundo. Até agora, das 72 cartas de Descartes que desapareceram, 45 foram recuperadas pelas autoridades francesas.
Fonte: Terra/EFE
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